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Nota da CAPES causa comoção nacional em prol da Educação no Brasil

CAPES

O primeiro dia de agosto já causou imenso impacto na Educação do  país. A Coordenação De Aperfeiçoamento De Pessoal De Nível Superior (Capes) em ofício ao ministro da Educação, senhor Rossieli Soares da Silva, anunciou significativo corte de verbas nos seus principais programas a partir do mês de agosto de 2019. A nota oficial trouxe perplexidade em todo meio acadêmico e gerou enorme incerteza em todo setor.

Diante do que foi apresentado no documento os programas de mestrado, doutorado, pós-doutorado terão suspensão das bolsas o que afetaria 93 mil pesquisadores e estudantes brasileiros.

O mesmo documento apresenta suspensão das bolsas e do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid), do Programa de Residência Pedagógica e do Programa Nacional de Formação de Professores da Educação Básica (Parfor). O impacto envolverá 110 instituições de ensino superior, 750 cursos (mestrados profissionais, licenciaturas, bacharelados e especializações), em mais de 600 cidades que abrigam polos de apoio presencial.

A situação é alarmante mas precisamos pensar um pouco sobre o cenário da Educação Superior no país. Como professor universitário e estudante de mestrado vivencio diretamente todos esses pontos citados no Ofício nº 245/2018-GAB/PR/CAPES de 1 de agosto de 2018. Tenho dezenas de colegas que estão nestes programas, muitos pararam toda atividade profissional para se voltarem à pesquisa científica. Vou além: muitos hoje sustentam suas famílias com as bolsas de estudo que recebem nesses programas! Pode parecer loucura para alguns mas foi a decisão de vida de milhares de pessoas em nosso país: se dedicarem ao ensino superior.

Cenário adverso sem a CAPES

Por outro lado temos também um alento profissional para muitos. Simplesmente se profissionalizaram como “estudantes”. Terminaram a graduação, continuaram no mestrado, doutorado e, em certas situações, seguem em busca de pós-doutorado sem nenhum contato com mercado de trabalho ou de educação. Nunca ministraram uma única aula a não ser as obrigatórias, em parceria com seus orientadores ou responsáveis, das disciplinas de docência dos seus programas.

Hoje como estou focado no ensino de pós-graduação, mais especificamente em especializações e MBAs, os principais relatos dos estudantes é a falta de conexão (quiçá total!) das grades curriculares com o mercado de trabalho. Isso acontece, na maioria dos casos, por conta de professores que não possuem contato algum fora da “bolha das universidades”. Professores que “conhecem o mercado” através das teorias dos livros.

O posicionamento profissional que decidi para mim é atuar na academia com foco total no mercado. Não consigo entender o ensino sem o conhecimento do que está acontecendo no dia a dia das empresas, no meu caso. Não consigo falar de abertura de negócios sem ter aberto algum. Consigo falar das dificuldades pois eu vivencio diariamente. Conheço de perto todas as dores de abrir e quebrar negócios, sem vergonha alguma.

Estamos todos imersos em um cenário deprimente da Educação em nosso país. Amigos que estão na docência das IES públicas relatam que precisam levar material para trabalhar, água das suas casas, não possuem internet para trabalhar ou para seus estudantes se conectarem e realizarem pesquisas. Que o sucateamento está muito acelerado e a insegurança atormenta a todos, diariamente. Aqui no Estado da Paraíba, onde resido, relatos frequentes de assaltos, arrastões nas salas e roubo de equipamentos nos setores da UFPB. A UEPB recentemente anunciou que não teria entrada de alunos no segundo semestre deste ano – falta de recursos financeiros.

Acredito na Educação. Venho de uma trajetória de Escola Técnica Federal, Universidade Federal para graduação e mestrado e não sei se conseguirei fazer meu doutorado. Digo isso sem medo pois o cenário é sombrio a frente. Muitas IES demitindo doutores por conta do custo mais alto. Preferem manter mestres pelo custo/hora ser consideravelmente menor. Sou penalizado por estudar. As pessoas me questionam se faz algum sentido estudar visto que estou imerso no mercado. Digo exatamente o contrário: exatamente por isso que preciso estudar ainda mais!

Para que tenhamos uma postura diferente no mercado precisamos ter base. O único método que conheço é através dos estudos para me abastecer. Óbvio que estudo totalmente conectado às necessidades do mercado, ao dia a dia das empresas. As grades curriculares dos cursos, em todas esferas, historicamente estiveram baseadas em uma formação teórica. Essa grades não possuem conexão com o ambiente externo. Nunca, em quatro anos de graduação, algum professor comentou sobre possibilidades de eu não ser colaborador de uma empresa. Eu teria que ir, obrigatoriamente, para algum veículo de comunicação ou me tornar funcionário público.

Preferi acreditar que, no meu caso, a Comunicação Social que me graduei me proporciona um cenário muito mais amplo e que sim poderia ter outros horizontes. Junto com meus amigos de sala pudemos ousar e criar o nosso próprio veículo de comunicação, o Redação 99.1. Era o início do jornalismo online no mundo e estávamos lá. Fazíamos “vaquinha” para conseguir comprar filme para nossas câmeras – eram raras e muito caras as câmeras digitais. Era nosso laboratório visto que era proibido, na época, estagiar. O mais importante que buscamos formas de nos capacitar e fazer a diferença. Me orgulho muito deste tempo e nem por isso a gente deixava de estudar e cumprir nossas responsabilidades. Pelo contrário, fazíamos muito mais!

Os estudantes hoje se comportam nas cadeiras com a mesma velocidade que querem um miojo pronto. Acham “chato”, acham “sem necessidade”, acham, acham… esquecem que o processo de formação exige tempo de maturação. Não se formam profissionais na velocidade de um comprimido efervescente de Sonrisal ou ENO.

Eu continuo acreditando que a Educação e o Empreendedorismo serão os elementos que farão a mudança em nosso país. Não serão esses políticos estúpidos que, nos últimos dias em suas convenções partidárias, cuspiam palavras como educação, saúde, segurança sem propósito algum de nos ajudar. Eles não estão nem aí. Nenhum deles foi a público comentar o ofício da Capes, pelo menos em uma nota. É ridículo acreditarmos que em outubro teremos que eleger alguém para nos representar – mas quem? Segundo matéria do jornal espanhol El País, a taxa de rejeição as pesquisas tem sido de 95% (https://brasil.elpais.com/brasil/2018/06/08/politica/1528474524_403841.html). É um claro demonstrativo de que a população não deseja falar sobre o assunto.

Em resumo, eu acredito na Educação e no Empreendedorismo. O mais importante é que precisamos nos unir para mudar essa situação calamitosa.

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Vinnie de Oliveira

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