Em fevereiro do ano passado a coluna “Vida Digital” da Rádio CBN trouxe à tona a discussão sobre Deepfake e como funciona a inteligência artificial em manipulação de vídeos. Na discussão, falamos sobre a polêmica dessa estratégia, uma vez que a e Inteligência Artificial (IA) e o Machine Learning conseguem fazer alterações de personagens.
Na época, a discussão surgiu depois de alguns casos tem chamado bastante a atenção por casos de manipulação de atrizes como Gal Gadot e Emma Watson ou políticos famosos como Barak Obama e, no Brasil, com o governador eleito de São Paulo João Doria.
Definitivamente, a evolução desta tecnologia é tamanha que podemos manipular esses vídeos em nossas próprias casas. No caso do governador João Doria a situação foi bem grave. Com denúncias de um suposto vídeo de sexo que teria vazado onde o então candidato estaria participando de orgia com várias mulheres. O vídeo foi analisado por peritos especialistas em crimes digitais que atestaram a manipulação das imagens. Possivelmente o vídeo foi manipulado com a metodologia Deepfake a partir de algum filme pornô.
Em suma, neste artigo você vai entender o que a Deepfake, como a inteligência artificial atua nessa manipulação e
Confira:
- Deepfake
- Deep learning
- Inteligência artificial como motor
- Facebook começa a banir vídeos com deepfake
- Deepfake e humor
- A tecnologia e as transformações do mundo real
DeepFake
Diferente de efeitos especiais, o deepfake é usado para criar vídeo falsos, daí o sufixo fake. A tecnologia utilizada a partir de inteligência artificial para criar vídeos falsos a partir de vídeos reais. Esse termo, deepfake, surgiu em 2017 quando um usuário do Reddit com esse nome começou a postar vídeos de sexo falsos com famosas. Com softwares de deep learning, ele aplicava os rostos que queria a clipes já existentes.
O primeiro a chamar mais atenção foi o vídeo de Daisy Ridley, atriz de vários filmes como Star Wars: Episódio VII – O Despertar da Força. Outra deepfake que chamou atenção foi da atriz Gal Gadot, a qual interpretou Mulher-Maravilha, fazendo sexo com seu meio-irmão. Vários outros vídeos com várias famosas renomeadas como Emma Watson, Katy Perry, Taylor Swift e Scarlett Johansson também foram divulgados. Todas as cenas não eram reais e foram criadas por redes neurais artificiais. Os vídeos foram desmascarados pouco tempo depois.
Assim, com as pesquisas em imagens avançando a cada dia, a comunidade do Reddit consertou muitos dos erros dos vídeos gerados. Dessa forma, a comunidade tornou mais difícil de se distinguir um vídeo falso de um vídeo verdadeiro, a olho nu.
Com uma base de dados enorme de vídeos pornôs e outra base de vídeos de várias atrizes, os usuários do Reddit treinaram diversas redes neurais para gerar mais deepfakes. A primeira notícia de deepfake foi reportada pela revista Vice, na seção de Tecnologia e Ciências, decorrendo em ampla disseminação do ocorrido em vários outros meios midiáticos.
Deep learning
O Deepfake é fruto de uma outra inteligência artificial que é o Deep learning é um tipo de machine learning que treina computadores para realizar tarefas como seres humanos, o que inclui reconhecimento de fala, identificação de imagem e previsões.
Assim, em vez de organizar os dados para serem executados através de equações predefinidas, o deep learning configura parâmetros básicos sobre os dados e treina o computador para aprender sozinho através do reconhecimento padrões em várias camadas de processamento.
Dessa forma, é mais fácil projetar o rosto de alguém em um vídeo ou em uma imagem. Afinal, com diversas técnicas o Deep Learning aprimorou a capacidade de reconhecer e detectar.
A inteligência artificial como motor
Apesar do termo “inteligência artificial” ter surgido em 1956, só se tornou popular nos últimos anos, grande parte devido à grande quantidade de dados disponíveis, algoritmos cada vez mais avançados e inúmeras melhorias na produtividade e armazenamento dos computadores.
Para falar a verdade, nos anos 1950 já eram realizadas as primeiras pesquisas sobre inteligência artificial. No entanto, tudo ainda era muito primitivo, afinal, os pesquisadores exploravam apenas temas relacionados à resolução de problemas simples.
O Departamento de Defesa dos EUA começou a se interessar pela tecnologia na década de 1960, período em que começou a treinar diversos computadores para que imitassem o nosso raciocínio básico.
Porém, o desenvolvimento inicial da IA foi repleto de obstáculos. A priori, a maior dessas adversidades foi a falta de poder computacional, afinal, eles não possuíam capacidade de armazenar informações o suficiente e nem processar de maneira eficiente.
Alguns anos mais tarde, a DARPA (Defense Advanced Research Projects Agency) usou a inteligência artificial durante a década de 1970 para mapear as ruas do país. Além disso, criou assistentes pessoais inteligentes em 2003, semelhantes a Siri e Cortana que conhecemos hoje em dia.
Facebook começa a banir vídeos com Deepfake
Em janeiro deste ano, a revista superinteressante divulgou que o Facebook anunciou que vai começar a banir vídeos com deepfake da sua plataforma. O anúncio, divulgado em um blog da empresa, afirma que conteúdos do tipo manipulam a realidade, e são um grande desafio para a indústria tecnológica.
Com isso, a nova política acontece em ano de eleições presidenciais nos Estados Unidos. Os vídeos serão excluídos caso as edições não estejam óbvias para o usuário ou se levarem o espectador a acreditar que uma pessoa tenha dito coisas que nunca disseram. Mais 55 checadores, que falam 45 idiomas diferentes, serão os responsáveis por analisar e sinalizar os vídeos falsos – a medida não inclui sátiras e outros produções humorísticas.
Não é a primeira vez que o Facebook se envolve no combate aos deepfakes. A príncipio, em setembro de 2019, a empresa doou US$ 10 milhões para um fundo voltado a aprimorar as tecnologias de detecção desse tipo de material. Por outro lado, a companhia já também recebeu críticas por se recusar a retirar um vídeo falso da presidente da Câmara dos Deputados dos EUA, Nancy Pelosi, que viralizou no país no ano passado.
Ninguem escapa! Infelizmente, até o próprio Mark Zuckerberg já foi vítima dos softwares de deepfake. No vídeo, o presidente do Facebook, em uma versão criada em computador, afirmava que o sucesso de sua plataforma era devido a uma parceria feita com uma organização secreta.
As proibições e as consequências
Além das redes sociais, governos já buscam algum tipo de regulamentação sobre a tecnologia. A China, por exemplo, proibiu o uso de inteligência artificial para a produção de vídeos falsos e exige que a divulgação de deepfakes venha acompanhada de um aviso claro de que se trata de um conteúdo fictício.
No estado da Califórnia, nos Estados Unidos, dois projetos de lei foram assinados sobre o tema. Um deles torna ilegal a distribuição de vídeos manipulados que visam desacreditar um candidato político dentro de 60 dias após eleições, e o outro permite que os cidadãos processem pessoas que criam deepfakes para inserir rostos em materiais pornográficos sem consentimento.
Da mesma forma, pesquisadores trabalham há algum tempo em melhores métodos de detecção, com o apoio de companhias privadas como Google e de instituições governamentais como a Agência de Projetos de Pesquisa Avançados de Defesa (Darpa) do Pentágono, que começou uma iniciativa de análise dos meios e deepfake em 2015.
Aqui, no nosso país, em tempos que sofremos continuamente com as fake news, vídeos com deepfakes podem fortalecer a propagação de mentiras e a confirmação delas, uma vez que “Todos estão vendo com os olhos que a terra há de comer” vídeos que beiram o real. Dessa forma, é preciso se proteger. Evitar compartilhamento de vídeos pessoais e ou duvidosos.
Este ano, a Lei Geral de Proteção de Dados entrará em vigor. As penalidades são severas para as empresas e serviços que utilizarem dessa inteligência e que não se enquadrarem nas regras e parâmetros da lei.
Deepfake e humor
Os humoristas se aproveitaram e tem se aproveitado da magia do sotware para criar situações engraçadas e fortalecer o humor. Desse modo, no Brasil, os vídeos com a magia do software ganharam força através do satirico. No Youtube, o canal de Bruno Sartori, também conhecido como o bruxo do Deepfake, é um dos mais conhecidos em criar vídeos com rostos de outras pessoas e torná-los reais.
O Youtuber que conta hoje com 109 mil inscritos revela em dos seus vídos que precisa de um extenso banco de doas da pessoa que terá o rosto copiado. Depois disso, com a ajuda do deep learning, ele consegue processar esses dados e fazer com que surjam movimentos reais de olhos, boca, face e aí começa a imitação.
Os vídeos do criador de contéudo são focados em criticar a política, porém, geralmente o deepfake é uso para outros fins na internet. Como inserção de rostos em vídeos pornográficos ou a inserção de falas na boca de políticos ou empresários influentes, como já citamos exemplos aqui.
De antemão, o humorista gosta de deixar claro em todos os seu vídeos que o conteúdo se trata de deepfake e diz que tentar censurar as produções humorísticas não é uma saída inteligente para lidar com a disseminação de deepfakes.
A tecnologia e as transformações do mundo real
No início deste ano, lançamos o livro “Economia Criativa 4.0- O mundo não gira ao contrário” onde há diversas reflexões e pesquisa à respeito desse novo movimento. No livro, a palavra chave é disrupção para enxergar como a evolução da inteligência artificial afeta todas as áreas da indústria criativa. A revolução propiciou que telefones fossem atendidos por softwares, por exemplo, e que GPS nos levem a lugares e nos diz o melhor caminho para chegar. Esses são apenas alguns exemplos que nos mostram como nossa vida se tornou dependente de inteligências alheias.
Logo, a forma como recebemos informações, nos relacionamos mudou. Nesse meio, os negócios também mudaram. O livro é uma espécie de guia para se descolar neste universo criativo e em constante mudança. Dividido em 6 capítulos, a reflexão perpassa pelo surgimento da economia criativa, fazendo uma análise sobre consumo, cultura, mídias e tecnologia.
O estudo alcança ainda os conceitos de IHC adaptado a essa economia, design audiovisual até chegar na revolução industrial 4.0. Neste capítulo, a preocupação é justamente provocar e evidenciar que a trajetória vem sendo construída como referência para aprofundamentos necessários.
O mundo não gira ao contrário, lembrem-se disso. Afinal, esse movimento não tem mais volta. E, o grande diferencial neste processo, é que apesar de toda tecnologia, devemos ser cada vez mais humanos. Até porque qualquer atividade repetitiva pode ser realizada por uma máquina. É hora de pensar que: No momento que nos diferenciarmos, não teremos como ser substituídos.
Conheça o livro!
O livro “Economia Criativa 4.0 – O mundo não gira ao contrário” é resultado de um processo intenso de aprendizado e imersão. O mundo mudou seu curso; as pessoas mudaram a forma como se relacionam umas com as outras e como interagem com ambientes em torno.
Vivemos agora, em um momento de mudanças radicais, chamado de 4ª Revolução Industrial que muda todos os aspectos de nossas vidas, negócios, da economia e da sociedade.
Com isso, convido você a mergulhar comigo nessa jornada. No livro, falamos de como as tecnologias modificaram nossa forma de pensar, agir e enxergar o mundo. Vamos falar de inteligências artificais, machine learning, Deep Learning e desbravar conceitos que surgiu em meio a este movimento.
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Os TBTs fazem parte também de uma série de vídeos que estão no meu canal,fruto da minha participação na coluna “Vida Digital” da Rádio CBN. Lá, além de deepfake, falamos sobre revolução industrial, internet das coisas, realidade virtual, mudanças nas redes sociais e outros assuntos voltados para tecnologia, marketing e educação. Fica ligado!
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Um forte abraço e #VamosEmFrente!