No último dia 17 de dezembro a NASA exibiu um vídeo demonstrando o primeiro teste do próximo veículo que irá a Marte em julho de 2020.
Parece uma cena um pouco bizarra ver pessoas vestidas em roupas brancas se deitando no chão e olhando aquele “monte de fios e engrenagens” se movimentando. Do alto, como se estivessem do lado de fora de um aquário, uma plateia filmava e fazia várias selfies daquele momento histórico.
No entanto, tudo isso fazia parte de uma operação para calcular, nos mínimos detalhes, o futuro do desenvolvimento espacial e da vida humana.
Embora muitos acreditem que o desejo de explorar Marte seja meramente uma curiosidade da NASA, na verdade é uma excelente oportunidade para desenvolver novas tecnologias e realizar descobertas incríveis.
O sonho de colonizar Marte, além de ser algo necessário no futuro, tende a se tornar uma realidade cada vez mais próxima para o presente das próximas gerações. Talvez eu nem você conseguirá acompanhar o desfecho dessa história, infelizmente, mas os nossos filhos e netos com certeza verão os primeiros “marcianos” nascerem.
Entretanto, fato é que teremos diversas tecnologias novas e surpresas reveladas a partir dessas viagens espaciais. Afinal, se a ida do homem à Lua nos proporcionou avanços desde o GPS até o microondas, o que será que o futuro nos reserva para a ida à Marte?
Leia também: 50 anos do homem na Lua: Teoria da conspiração ou realidade?
Um tema tão importante como esse não poderia fugir do nosso radar e foi a pauta da nossa coluna do Vida Digital na CBN.
Portanto, nesse artigo iremos falar um pouquinho sobre como funcionará a missão a Marte em 2020 e quais as expectativas em relação a esse grande feito. Confira!
- Como será feita a visita a Marte?
- Qual o objetivo da NASA com a invasão a Marte?
- É realmente possível colonizar Marte?
- Adaptando a vida ao solo marciano
- A batalhar para a colonização de Marte
- Como Elon Musk pretende colonizar Marte
- Destruir para reconstruir? Ou preservar?
Como será feita a visita a Marte?
Fato é que ainda não é hora de ocuparmos Marte, embora tenhamos tecnologia para isso em pouco tempo. Na verdade, o ano de 2020 será bastante importante para que o sonho de viver fora da Terra se torne realidade. Isso, pois iremos descobrir como realmente funciona a superfície do planeta vermelho.
Neste ano, Marte e a Terra estarão alinhados. Dessa forma, ficará muito mais fácil a viagem a Marte, afinal, a distância entre os dois planetas será mínima – apenas algo em torno de 54 milhões de quilômetros.
Por mais que isso pareça um absurdo, esse evento é bastante importante e tal alinhamento não voltará a acontecer até 2022. Ou seja, esse será o ano em que acontecerá algo que não acontecia desde a Guerra Fria: o lançamento de quatro missões robóticas para o planeta.
Nesse caso, três dessas explorações serão feitas pelas lideranças das principais potências espaciais do mundo, que são os EUA, a Europa e a China.
O lançamento será na Estação da Força Aérea de Cabo Canaveral em 17 de julho. A viagem está prevista para durar cerca de 7 meses, sendo a aterrissagem por volta de fevereiro de 2021.
Entre os robôs que serão enviados, um deles terá uma broca para a coleta de amostras em rochas e do solo do planeta, o que proporcionará mais informações sobre a superfície marciana e, quem sabe, nos dar a resposta definitiva sobre a possibilidade de crescimento de vida vegetal no planeta.
Dessa forma, estaremos um passo mais perto de descobrir se realmente há vida em Marte ou se é possível viver no Planeta Vermelho.
A missão completa durará 1 ano marciano, ou seja, aproximadamente 687 dias terrestres.
Qual o objetivo da NASA com a invasão a Marte?
Além de ser uma ótima forma de mostrar ao mundo o sucesso dos projetos espaciais americanos, a NASA também quer provar que é possível a existência de vida em outros planetas.
Embora grande parte do solo marciano esteja queimado pela abundância de radiação e sais de cloro, o que pode ter acabado com qualquer vestígio de vida no planeta, ainda assim é possível encontrar vida em alguns lugares de Marte.
Segundo os cientistas, há mais de 3,5 bilhões de anos, boa parte do território marciano era coberto por água líquida, semelhante à terra. Ou seja, em grandes profundidades, a probabilidade de ainda existir vida, nem que sejam microrganismos, é bem alta.
Por isso, a missão da NASA irá aterrissar no fundo de um antigo lago chamado Jezero, que possui centenas de metros de profundidade.
Além disso, os EUA pretendem utilizar essa primeira visita para preparar o terreno para as futuras missões tripuladas a Marte.
Nesse caso, outras nações também possuem um papel bem importante no desenvolvimento do plano.
O que acontece em outros países
A Espanha, por exemplo, entra como protagonista devido à sua estação meteorológica, a MEDA, que permite a medição de temperatura, vento, partículas de poeira e até mesmo radiação, que servirá como banco de dados para os próximos estudos.
Além disso, o foguete irá equipado com instrumentos capazes de detectar oxigênio, elemento essencial para o nosso desenvolvimento em solo marciano.
A China é outro país que possui projetos bem promissores para a exploração de Marte. Recentemente, os chineses conseguiram realizar o feito de pousar um Rover no lado oculto da Lua. Sendo assim, durante esse processo, o poderoso radar equipado na máquina conseguiu penetrar o solo lunar e descobriu um antigo oceano de lava.
Vale lembrar também que, tanto a missão Curiosity, lançada em 2011, quanto a Mars 2020 contam com a participação fundamental do físico brasileiro Ivair Gontijo.
Na primeira missão ao planeta vermelho, ele foi o responsável pelos equipamentos que mapeavam a superfície de Marte durante os 7 minutos de terror. Assim, ficou a seu cargo a escolha do melhor ponto de pouso. Já na segunda missão, ele desenvolveu a integração entre diversos equipamentos científicos que possibilitam a comunicação com o sistema do jipe.
É realmente possível colonizar Marte?
A verdade é que ninguém sabe realmente se é possível colonizar Marte. Isso, pois ele possui um ambiente totalmente diferente do que estamos acostumados na Terra, além de ser extremamente difícil e caro enviar foguetes para o planeta vermelho.
Por isso, Marte é um enorme cemitério de naves acidentadas de experiências passadas. De acordo com as estatísticas, uma a cada duas missões espaciais que tentaram tal feito fracassaram.
O pouso em Marte exige cálculos precisos que abordem o funcionamento da gravidade e da atmosfera do planeta. Entre eles, a complicada manobra de frear aos 21.000 quilômetros por hora atingidos pela nave.
Outro ponto que precisamos levar em conta é a real existência da água, apesar dessa teoria já estar quase comprovada pelos últimos estudos.
Em relação às condições naturais do planeta, 96% da atmosfera de Marte é composta por CO2. Para se ter ideia, se a Terra tivesse apenas 1% de dióxido de carbono no ar que respiramos, sentiríamos uma forte tontura. Um pouco mais, já causaria asfixia.
Além disso, a temperatura marciana é outro grande agravante. Ao contrário do que muitas pessoas acreditam, Marte não é um planeta quentinho, apesar da sua coloração avermelhada. Na verdade, o ambiente do planeta facilmente atinge a temperatura de 100 graus abaixo de zero.
Portanto, para viver em solo marciano, precisaríamos fazer diversas adaptações para que seja possível desenvolver vida no lugar.
Embora tenhamos todas essas dificuldades pela frente, já existem alguns projetos e planejamentos para superar essas adversidades.
Adaptando a vida humana ao solo marciano
Embora a colonização de Marte tenha um peso enorme para o desenvolvimento espacial, ela em si não é a parte mais importante da operação próxima exploração ou das futuras.
O real desafio para alcançar esse objetivo não é simplesmente chegar ao planeta e construir casa, mas preparar o ambiente para receber e conceber vida. Por isso, o que irá definir o futuro da humanidade em outros planetas são os planos para manter a civilização estabelecida.
Um dos principais planejamentos para o desenvolvimento da vida humana em solo marciano é a criação de estufas hidropônicas ou casas subterrâneas para o crescimento e cultivo de alimentos em Marte.
Além disso, o estudo de DNA e melhoramento genético serão áreas bastante preciosas para essa exploração.
Isso, pois é totalmente inviável levar plantas da Terra e esperar que elas se adaptem por conta própria ao solo e ambiente marciano. Na verdade, esse processo é bastante demorado e poderia levar dezenas de anos.
Por isso, a principal ideia para solucionar esse problema é o desenvolvimento de cultivos melhorados e resistentes a condições extremas, que possam crescer e se desenvolver mais rápido.
Por mais que pareça um simples capricho do ser humano querer plantar em Marte, esse processo é essencial para uma colonização. Além da possibilidade de produzir comida independente da Terra, seria uma oportunidade de desenvolver um próximo estágio de produção, tornando acessível a todo a população em momentos de escassez.
A batalha para a colonização de Marte
Embora as missões da NASA para a exploração espacial sejam as mais conhecidas, diversos outros países já possuem planos concretos e estão executando planos para viajar a Marte.
Nações como China e Emirados Árabes Unidos, por exemplo, estão cada vez mais envolvidos nos projetos espaciais. Além de ser uma batalha para a conquista espacial, também é uma ótima forma de mostrar ao mundo inteiro seus avanços tecnológicos.
Huoxing-1
De acordo com informações divulgadas pela China, o projeto espacial do país deve ser lançado rumo a Marte entre julho e agosto de 2020. Essa ambiciosa missão tem como principais objetivos colocar um satélite na orbita de Marte e pousar um jipe em sua superfície logo de uma vez.
Essa é uma continuação da Yinghou-1, uma sonda espacial chinesa que tinha como intenção ser a primeira espaçonave do país a orbitar Marte. Ela foi lançada junta com a espaçonave russa Fobos-Grunt.
Entretanto, a nave dos russos não conseguiu acionar o seu motor para sair da órbita da Terra, comprometendo o projeto por completo. Dessa forma, a China resolveu desenvolver o seu próprio programa espacial para Marte.
O Huoxing-1 irá equipado com câmeras de alta resolução e espectrógrafos capazes de identificar a composição química do terreno, além de um radar para o estudo do subsolo.
Missão Al-Amal
Os Emirados Árabes Unidos também estão com projetos bastante sólidos para a exploração de Marte com o seu orbitador Al-Amal, ou em português, “esperança”. Essa será a primeira missão de um país árabe com destino ao planeta vermelho e é fruto de uma parceria entre o Centro Espacial Mohamm bin Rashid e as Universidades do Colorado e do Arizona, nos EUA.
O lançamento do projeto está previsto para o meio do ano de 2020 através de um foguete do Japão. Dessa forma, a chegada do foguete será uma das grandes realizações para a comemoração dos 50 anos da formação dos Emirados Árabes Unidos.
Diferente das outras missões que planejam explorar Marte, o Al-Amal faz parte de um projeto que pretende tornar o país uma nação justa com economia baseada no conhecimento. Dessa forma, eles irão estudar o planeta em um panorama global para o compartilhamento de dados entre 200 universidades e institutos de pesquisas do mundo todo de maneira gratuita.
Como Elon Musk pretende colonizar Marte
Elon Musk é um dos nomes mais conhecidos do mundo quando se trata de tecnologia. Também chamado de “Tony Stark do mundo real”, o cofundador da SpaceX e de outras 10 empresas de tecnologia possui planos bem interessantes para colonizar Marte.
Durante o 67º Congresso Internacional de Astronáutica, Elon Musk começou a sua palestra apresentando um vídeo que onde apresenta o novo sistema de transporte interplanetário da SpaceX. Essa nave será capaz de levar aproximadamente 100 pessoas até o planeta vermelho.
Nesse caso, o foguete estará equipado com um tanque de gasolina extra, uma espécie de petroleiro que irá se acoplar à nave para abastecê-la durante a viagem a Marte.
A estimativa é que o processo deverá durar entre 80 a 150 dias, dependendo do ano que o projeto entrar em produção.
Os voos reais devem começar em 2022.
Segundo estimativas da empresa, serão necessárias aproximadamente 50 viagens para Marte para que a nova civilização autossustentável esteja completamente estabelecida.
Nesse cenário, o projeto deverá demorar entre 40 e 100 anos, período em que já haverão 1 milhão de pessoas habitando o planeta.
Uma das soluções para a temperatura do planeta é a criação de cidades subterrâneas, protegidas por uma espécie de estufa.
Destruir para reconstruir? Ou preservar?
É óbvio que o grande X da questão quando falamos de viagens espaciais é justamente a colonização de outros planetas. Isso, pois a ideia de habitar um lugar novo, sem poluição e sem todos aqueles problemas que vivenciamos diariamente nos noticiários atrai qualquer um.
Porém, não é bem assim que funciona. Por mais que estejamos passando por problemas ambientais no planeta Terra, não podemos pensar que os recursos naturais são substituíveis, muito menos o planeta como um todo. Isso, pois os planos mais ambiciosos para a colonização de Marte, por exemplo, só serão possíveis daqui a 100 anos.
Por isso, não podemos deixar a ideia de um dia morar em outro planeta comprometer a nossa mentalidade quanto à preservação da Terra, afinal, nossos filhos, netos e futuras gerações também andarão por essas terras e viverão conforme as condições que deixarmos em nosso legado, sendo elas boas ou ruins.
Sim, um dia iremos a Marte. Mas, por enquanto, precisamos ter em mente que a preservação da vida na Terra é a melhor forma de garantir que as futuras gerações possam se orgulhar do planeta em que vivem.